segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Trabalhando as orações substantivas, adverbiais e adjetivas

EXERCÍCIO DE RECUPERAÇÃO FINAL

             01.  A frase: É possível que as provas sejam anuladas. A oração grifada é respectivamente
a)      Objetiva direta.
b)      Predicativa.
c)      Subjetiva.
d)      Completiva nominal.

              02.  Marque a oração substantiva predicativa.
a)      A boa notícia do dia seria que descobrissem a cura da AIDS.
b)      Foi permitido que se estacionasse na calçada.
c)      Tenho dúvida de que você venha hoje.
d)      Fizeram a seguinte advertência: que o trabalho fosso secreto.

             03.  Associe as orações substantivas conforme o código abaixo.
(A)  Completiva nominal. (    ) Inteirei-me de que ela havia mentido.
(B)   Objetiva indireta.      (    ) Tenho dúvida de que você venha hoje.
                                    (   ) Estou convencido de que ninguém mais verá esse convite.
                                    (    ) Aquele político aspira a que o elejam prefeito da cidade.

              04.  Marque a oração substantiva apositiva.
a)      Minha esperança é que tudo dê certo.
b)      Espero que tudo dê certo.
c)      Tenho esperança de que tudo dê certo.
d)      Espero somente isto: que ele volte.

            05.  Classifique as orações destacadas em subjetivas e objetivas diretas.
a)      Acredita-se /que a minhoca é boa para o solo. (_________________).
b)      Ninguém podia dizer /que acertara o teste. (__________________).
c)      Foi resolvido /que o jogador não entraria em campo. (___________).
d)      Todos queriam /que o filme fosse passado na hora da aula. (__________).

             06.  Marque a única oração que não é adjetiva.
a)      O churrasqueiro confirmou que não comera nada.
b)      O churrasqueiro que temperou a carne não comeu nada.
c)      Leremos este capítulo que nos foi pedido pelo professor.
d)      O político que é corrupto não merece voto.

             07.  Marque as orações adjetivas explicativas.
a)      Os homens, /que são seres racionais,/ merecem nosso diálogo.
b)      As vilas por que passei estavam todas alagadas.
c)      O amor, /que lhe dera alma nova,/ era o estímulo para continuar lutando.
d)      Os homens que são honestos merecem nosso diálogo.

           08.  As conjunções subordinativas “porque, já que e uma vez que” são pertencentes à oração  adverbial
a)      Concessiva.
b)      Temporal.
c)      Consecutiva.
d)      Causal.

             09.  A oração “À medida que chovia, a população catarinense ia deixando suas casas.” A ideia expressa na oração principal é de
a)      Condição.
b)      Conseqüência.
c)      Tempo.
d)      Proporção.

             10.  As conjunções subordinativas “embora, ainda que e se bem que” são respectivamente pertencentes à oração adverbial
a)      Condicional.
b)      Proporcional.
c)      Concessiva.
d)      Conformativa.

             11.  Na oração: “Como era doente, poucos queriam o seu trabalho”. A conjunção em destaque é
a)      Comparativa.
b)      Causal.
c)      Conformativa.
d)      Sindética aditiva.

            12.  Marque a oração adverbial onde foi classificada de forma errada.
a)      Quando os gatos saem,/ os ratos fazem a festa. (Adverbial temporal)
b)      Caso ele venha cedo,/ iremos ao cinema. (Adverbial condicional).
c)      Fiz minha autocrítica/ a fim de que me sentisse melhor. ( Adverbial final).
d)      Nadei /como um cão. (Adverbial conformativa).

            13.  Destaque as orações adverbiais, identificando as conjunções subordinativas.
a)      Ela faltou à aula hoje, porque estava doente.
b)      Eu ficaria lendo até que o sono viesse.
c)      O livro foi publicado conforme nós pedimos.
d)      O rapaz, que era preconceituoso, não aceitava os passeios da irmã.

            14.  Marque a opção correta.
a)      As orações substantivas são precedidas dos pronomes relativos.
b)      As orações coordenadas são precedidas das conjunções integrantes - que e se.
c)      As orações adverbiais podem ser construídas sem as conjunções subordinativas.
d)      As orações adjetivas são precedidas dos pronomes relativos.

            15.  Construa 6 orações, utilizando as orações substantivas (uma de cada).
a)      Objetiva direta. _______________________________________
b)      Objetiva indireta. ______________________________________
c)       Subjetiva. ___________________________________________
d)      Completiva nominal. ___________________________________
e)      Predicativa. __________________________________________
f)       Apositiva. ___________________________________________

                             Prof.: Francisco Antônio
                          Data: 11/12/12

sábado, 17 de novembro de 2012

Estrutura das Palavras


 A palavra é formada por partes menores, chamadas elementos mórficos (mórfico: morfo- forma).
Exemplos: 
                infeliz - in + feliz
                chaleira - cha + l + eira
                falávamos - fal + á + va + mos


ELEMENTOS MÓRFICOS

RADICAL - é o elemento que contém o significado básico da palavra; a ele são acrescidos os outros    elementos: 
           radical
                gat + o
                gat + a
                gat + inho
                gat + inha
                gat + ão  

VOGAL TEMÁTICA - é a que vem logo após o radical, preparando-o, assim, para receber outros elementos:    
               falar - fal + a  +  r
                  radical
                            vogal temática
Observação ________________________________________________________
A vogal temática caracteriza a conjugação dos verbos. São três as vogais temáticas verbais:
fal    -    a    -    r;          vend      -       e    -   r;        part      -      i       -     r
1ª conjugação               2ª conjugação                   3ª conjugação
__________________________________________________________________

TEMA - é o radical acrescido da vogal temática.
        
               rost + o  ___________ rosto (tema)  vend + e ___________ vende (tema)
        radical     vogal temática                      radical    vogal temática

               fal + a ____________ fala (tema)      part + i ____________ parti (tema)
        radical   vogal temática                        radical    vogal temática

DESINÊNCIA - é o elemento indicativo de gênero e número dos nomes e de modo, tempo, número e pessoa dos verbos. Pode ser, portanto: nominal e verbal.

NOMINAL - quando indica o gênero e o número dos nomes (substantivos, adjetivos, numerais e pronomes).  
gatas ________ gat        +         a         +       s 
                           radical      des. de gênero  des. de número

VERBAL - quando indica o modo, o tempo, o número e a pessoa dos verbos.
                
                   fal         +        á          +       va             +        mos
            radical          vogal temática    desinência       desinência
                        fala                         modo-temporal    número-pessoal
                      (tema)                             (DMT)                (DNP)

OBSERVAÇÕES___________________________________________________
1ª)  Quando um nome está no masculino singular (gato, por exemplo), possui desinência zero de gênero e de  número; de gênero porque o masculino é uma forma não marcada, e de número porque a ausência da desinência de plural é que indica a forma singular.

2ª) Consideradas as desinências como elementos usados na flexão dos nomes ( em gênero e número) e na flexão dos verbos ( em modo, tempo, número e pessoa), tem-se que, a rigor, o grau não é flexão, porque o elemento que o exprime não é desinência mas sufixo. O sufixo é que pode sofrer flexão:
gat         +         inh           +        a         +         s
radical            sufixo        des. de gênero     des. de número

3ª) A vogal átona a será desinência de gênero quando opuser o masculino ao feminino.
gato - gata; lindo - linda; menino - menina

4ª)  Em palavras como mesa, leite e fogo, as vogais átonas finais a, e, o são vogais temáticas nominais, porque não opõem o masculino ao feminino. Essas vogais desaparecem quando é acrescentado à palavra um sufixo. 
exemplos: 
              mes- inha; leit- eiro; fog- aréu  

5ª) Os nomes terminados em consoante ou em vogal tônica possuem apenas o radical, não apresentam vogal temática. Exemplos:

animal, dor, raiz, lápis, café, sofá, tatu. 

6ª) Os nomes terminados pelas consoantes r, z ou l apresentam vogal temática apenas no plural: 
dor - dores;                                       animal - animais
raiz - raízes;

 Em animais a vogal temática é a semivogal i.

AFIXO -  é o elemento que se junta ao radical para a formação de novas palavras. Pode ser, portanto: prefixo e sufixo.

PREFIXO - elemento colocado antes do radical.
in               +               feliz __________________ infeliz.
prefixo                 radical

SUFIXO -  elemento colocado depois do radical.   
feliz            +              mente ________________ felizmente
radical                       sufixo   

VOGAIS E CONSOANTES DE LIGAÇÃO - são elementos que se intercalam a certos elementos mórficos a fim de facilitar a pronúncia da palavra.
café           +             cultura ______________ cafe-i-cultura
radical                     radical                               vogal de ligação

chá             +            eira ________________ cha-l-eira
radical                     sufixo                                  consoante de ligação


 (Retirado da Gramática Teoria e Exercícios, de Paschoalin & Spadoto).
17/11/12.

sábado, 3 de novembro de 2012

REVENDO AS ORAÇÕES: Substantivas, Adverbiais e Adjetivas


01. "Deixe que eu partilhe seus segredos". A oração em destaque é
(A) objetiva direta.
(B) subjetiva.
(C) predicativa.
(D) completiva nominal.

02. "Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres." A oração destacada é respectivamente
(A) completiva nominal.
(B) objetiva direta.
(C) apositiva.
(D) objetiva indireta.

03. "Meu desejo é descobrir a melhor forma de viver." A oração substantiva em destaque é
(A) subjetiva.
(B) predicativa.
(C) completiva nominal.
(D) objetiva direta.

04. "Só desejo uma coisa: que nossa situação melhore." A oração em destaque é
(A) objetiva indireta.
(B) objetiva direta.
(C) subjetiva.
(D) apositiva.


05. Leia a tira a seguir, de Fernando Gonsales, e marque a oração substantiva presente no primeiro quadrinho.
(A) subjetiva.
(B) objetiva direta.
(C) predicativa.
(D) completiva nominal.

06. Convém que participes da reuião, porém não se atrase.
I- convém, 1ª oração - principal.
II- que participes da reunião, 2ª oração - S.S.Subjetiva.
III- porém não se atrase, 3ª oração - coordenada sindética adversativa.
De acordo com cada afirmação, os itens verdadeiros são

(A) I e III.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) I, II e III.


07. Felipe era um atleta como todos os outros. A conjunção "como" nesta oração é uma
(A) subordinativa comparativa.
(B) subordinativa conformativa.
(C) subordinativa causal.
(D) subordinativa temporal.


08. Marque a oração subordinada adverbial concessiva.
(A) Caso você nos auxilie, receberá uma ajuda de custo.
(B) O rapaz chorava como uma criança.
(C) Mesmo que esteja frio, vou à festa com este vestido decotado.
(D) Como o chão estava liso, Sônia escorregou.


09. "Se não tiverem organizado os documentos, o coordenador irá solicitar ajuda de outro departamento, se bem que não o tenham atendido em outra ocasião."  


As orações sublinhadas acima expressam, respectivamente, as seguintes circunstâncias
(A) conformidade e finalidade.
(B) consequência e finalidade.
(C) finalidade e concessão.
(D) condição e concessão.

10. A oração 'A chegada das baleias é um espetáculo tão grandioso que todos ficam admirados.'  A parte em destaque é
(A)adverbial comparativa.
(B) adverbial concessiva.
(C) adverbial consecutiva.
(D) adverbial causal.


11. Aponte a oração subordinada adverbial proporcional.
(A) Mais o turismo aumenta quanto mais baleias chegam.
(B) As baleias oferecem um espetáculo grandioso quando chegam à Praia do Forte.
(C) Consulte nosso agente de viagem, para que possa apreciar a chegada das baleias.
(D) Se você chegar cedo, eu vou ao cinema.


12. Em "O moço ficou tão emocionado que chorou.", a segunda oração é subordinada adverbial
(A) comparativa.
(B) proporcional.
(C) temporal.
(D) consecutiva.

13. Marque a oração subordinada adjetiva explicativa.
(A) Para muitas pessoas, esse é um trabalho que dignifica.
(B) Minha filha Roberta tem um sorriso que cativa.
(C) Evite comentários que ofendam o público.
(D) Meu é um homem que cumpre os seus deveres.


14. Aponte a única oração que não é adjetiva explicativa.
(A) A água, que é inodora e incolor, é essencial à vida.
(B) O futebol, que é um esporte popular, traz muito dinheiro para poucas pessoas.
(C) O bicho homem, que se intitulou Homo Sapiens, é convencido e cruel.
(D) Duro é o sofrimento que nasce do vício. 

15.  Encontre a oração subordinada adjetiva restritiva:
(A) O homem que discursava sorria.
(B) O triste é que não era uma planta qualquer.
(C) Só imponho uma condição: que não chegues tarde.
(D) Sabe-se que o resultado foi positivo.




                                                                                     Bom Trabalho! 04/11/2012.

Orações Subordinadas Adjetivas


Orações adjetivas são aquelas orações que exercem a função de um adjetivo dentro da estrutura da oração principal. Elas são sempre iniciadas por um pronome relativo e servem para caracterizar algum nome que aparece na estrutura da frase. Há dois tipos de orações adjetivas: as restritivas e as explicativas.

O. S. Adjetivas Restritivas: funcionam como adjuntos adnominais e servem para designar algum elemento da frase. Não pode ser isolada por vírgulas, e restringe, identifica o substantivo ou pronome ao qual se refere.

Exemplo:
- Você é um dos poucos alunos que eu conheço.
Suj. + VL + predicativo + O.S. Adjetiva Restritiva
- Eles são um dos casais que falaram conosco ontem.
Suj. + VL + predicativo + O.S. Adjetiva Restritiva
- Os idosos que gostam de dançar se divertiram muito.
Suj. + O.S. Adjetiva Restritiva + VI + adj. Adv.

O. S. Adjetivas Explicativas: ao contrário das restritivas, são quase sempre isoladas por vírgulas. Servem para adicionar características ao ser que designam. Sua função é explicar, e funciona estruturalmente como um aposto explicativo.

Exemplo:
- Meu tio, que era advogado, prestou serviços ao réu.
Sujeito + O.S. Adj. Explicat. + VTDI + OD + OI
- Eu, que não sou perfeito, já cometi alguns erros graves.
Suj. + O.S. Adj. Explicat. + VTD + OD
- Os idosos, que gostam de dançar, se divertiram muito.
Suj. + O.S. Adj. Explicat. + VI + Adj. Adv.

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

01. Classifique as orações destacadas em:

- oração sub. adjetiva restritiva
- oração sub. adjetiva explicativa

a) Os bois da minha fazenda, que contraíram febre aftosa, serão examinados.
b) Os homens, que são seres racionais, exploram os animais.
c) O livro que comprei é bom.
d) Deve-se investir em soluções que resolvam definitivamente os problemas.
e) A neve, que é fria, provocou a morte da vegetação
f) Meus vizinhos cultivam árvores que dão frutos deliciosos.

02. Transforme o adjetivo destacado em oração subordinada adjetiva.

Veja o modelo:
Assistimos a cenas deprimentes. Assistimos a cenas/ que deprimem.
                                                            

a) O político corrupto não merece voto.
b) Os homens honestos merecem nosso diálogo.
c) A televisão apresenta cenas agressivas.
d) Ela carregava problemas atormentadores.
e) Édson fazia carinhos sedutores.


Qual a diferença entre piada e anedota?


  • PIADA é uma breve história, de final e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar risos ou gargalhadas em quem ouve. A piada é direta e objetiva.
  • ANEDOTA pormenor curioso e pouco divulgado que ocorre em segundo plano numa narrativa sobre uma certa personagem ou evento histórico (segundo dicionário online de Português). A anedota é um tipo de narrativa que apresenta duplo sentido.

Exemplo de piada:

Caçador abatido

Dois caçadores caminham na floresta quando um deles, subitamente, cai no chão com os olhos revirados. Não parece estar respirando.
O outro caçador pega o celular, liga para o serviço de emergência e diz: "Meu amigo morreu! O que eu faço?". :Com voz pausada, o atendente explica: "Mantenha a calma. A primeira coisa a fazer é ter certeza de que ele está morto".
Vem um silêncio. Logo depois, se ouve um tiro.
A voz do caçador volta à linha. Ele diz: "OK. E agora?".

Exemplo de anedota:
Joãozinho e o gelado


A professora pergunta aos seus alunos :
- Se existem 5 passarinhos num ramo e vocês atirarem e matarem um,quantos sobram ?
- Nenhum – responde o Joãozinho.
A professora fica surpresa com a resposta :
- Nenhum ?
- Claro… com o barulho do tiro todos levantam voo ! – responde o Joãozinho.
- Bem, não era essa a resposta que eu esperava, mas gosto da tua maneira de pensar.
Eu posso fazer uma pergunta para a professora? Pediu Joãozinho.
- Podes, Joãozinho.
- Existem 3 mulheres sentadas num banco a comer um gelado. Uma está a lamber, a outra está a chupar e a terceira está a morder.
- Qual delas é a casada?
A professora fica vermelha, mas responde, timidamente: A que está a chupar.
- Não, a casada é a que tem a aliança no dedo, mas também gosto da sua maneira de pensar.

domingo, 28 de outubro de 2012

O Cortiço - resumo e análise da obra de Aluísio de Azevedo


Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico

Ao ser lançado, em 1890, O Cortiço teve boa recepção da crítica, chegando a obscurecer escritores do nível de Machado de Assis. Isso se deve ao fato de Aluísio de Azevedo estar mais em sintonia com a doutrina naturalista, que gozava de grande prestígio na Europa. O livro é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro. 
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX. Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo fictício em O Cortiço estavam muito presentes no país. 

RIGOR CIENTÍFICO Essa criação de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance L’Assommoir, do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. 
Por isso, os dois romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.

É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Um exemplo pode ser visto no seguinte trecho:

“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”

O narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.

NARRADOR A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.

O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa.

TEMPO
Em O Cortiço, o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão.

ESPAÇO
São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão.

O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.


ENREDO O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois.

Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos.

A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos.
O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado.
Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.

ALEGORIA DO BRASIL
Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que O Cortiço não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.

O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua história. A intenção era provar, por meio da obra literária, como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degenerescência.
A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.

Link (fonte): http://guiadoestudante.abril.com.br/home